
Descrito pela primeira vez em 1940, o lipedema é uma doença ainda pouco conhecida, embora já tenha sido reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 e incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) em 2022. A condição, que afeta principalmente as mulheres, se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas e braços.
Comumente confundida com excesso de gordura e até obesidade, essa doença tem características distintas que exigem atenção, pois não responde a dietas ou exercícios físicos.
A principal característica do lipedema é o acúmulo anormal de gordura nas pernas e braços, frequentemente associado à fibrose e nódulos dolorosos, que podem lembrar celulite. A gordura característica do lipedema, ao contrário da gordura comum, não pode ser eliminada com a alimentação ou a prática de exercícios.
Além disso, o lipedema pode causar outros sintomas, como:
Dor e sensação de pernas pesadas;
Hematomas frequentes e marcas na pele, muitas vezes causadas pela má circulação;
Nódulos na coxa que imitam a aparência de celulite;
Formato “perna ampulheta”, com gordura acumulada abaixo do joelho e afinamento acima dos tornozelos.
Esses sinais podem se intensificar ao longo do tempo e afetar a mobilidade da pessoa, prejudicando a saúde física e a autoestima.
Como o lipedema pode ser confundido com outras condições?
Por apresentar sintomas que podem ocorrer em outras doenças, como varizes ou celulite, o diagnóstico do lipedema pode ser difícil.
Muitas mulheres, por exemplo, têm uma cintura fina e praticam atividades físicas, mas ainda enfrentam dificuldades em perder gordura na parte inferior do corpo, o que causa frustração.
Isso é especialmente evidente quando os sintomas se agravam após mudanças hormonais, como a puberdade ou gravidez.
Diagnóstico
O diagnóstico do lipedema é feito principalmente por meio da avaliação clínica. O médico analisa os sintomas, como o acúmulo de gordura nas extremidades e a dificuldade em perder peso nessas áreas, mesmo após dietas ou exercícios. Além disso, a história familiar é importante, pois a doença tende a ocorrer em várias mulheres da mesma família.
Embora exames não sejam indispensáveis para o diagnóstico, eles podem ser úteis para detectar problemas associados, como varizes ou linfedema, que são comuns em pacientes com lipedema.
O que causa?
Embora a condição tenha um forte componente genético e esteja relacionada a alterações hormonais, como os níveis de estrogênio, o acúmulo anômalo de gordura permanece um mistério para a ciência. A doença tende a piorar durante períodos de mudanças hormonais, como a puberdade e a gravidez.
A alimentação rica em substâncias inflamatórias, como açúcares, gorduras e alimentos ultraprocessados, também pode agravar o quadro.
Contudo, não há evidências científicas que comprovem benefícios de dietas restritivas, como a exclusão de glúten e lactose, em pessoas sem intolerância.
Tratamento
Embora não haja uma cura definitiva para o lipedema, o tratamento foca no controle dos sintomas e na redução da inflamação. As abordagens mais comuns incluem:
Dieta equilibrada com alimentos não processados;
Atividade física regular para melhorar a circulação;
Drenagens linfáticas e uso de meias de compressão para aliviar o inchaço e a sensação de peso nas pernas.
Em casos mais graves, a lipoaspiração pode ser indicada para remover as células de gordura afetadas. A cirurgia oferece melhorias significativas a longo prazo, mas os custos elevados dificultam o acesso, especialmente no SUS.
É importante lembrar que tratamentos alternativos, como medicamentos para emagrecimento ou modulação hormonal, podem apresentar riscos à saúde e não têm comprovação científica para o tratamento do lipedema.
Além dos efeitos físicos, o lipedema também pode impactar a saúde mental das pacientes. A dificuldade em lidar com a aparência corporal e os sintomas que não desaparecem com dietas e exercícios pode levar a transtornos como depressão, ansiedade, bulimia e anorexia. Muitas mulheres sofrem com a sensação de que, apesar de seus esforços, o quadro só piora, o que gera desespero e angústia. O tratamento psicológico pode ser uma parte fundamental no cuidado dessas pacientes.