
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) auxiliou 300 pessoas a recuperar a visão em 2024, por meio de transplantes de córneas realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os tecidos foram captados de vítimas de morte violenta encaminhadas à Diretoria Metropolitana de Medicina Legal (DMML), respeitando normas de segurança e consentimento familiar.
A captação ocorre após exame de necropsia em até 12 horas após o óbito, sendo permitido apenas para casos sem doenças impeditivas preexistentes. Antes do transplante, a Secretaria Estadual de Saúde realiza exames sorológicos para garantir a segurança do procedimento.
A DMML é o maior centro de captação de córneas do estado, com um índice de aproveitamento de 95% dos tecidos para transplante. Segundo Alexandre Roque, coordenador técnico do Banco de Olhos de Mato Grosso, essa parceria reduziu significativamente o tempo de espera pelo procedimento, que atualmente varia de uma a duas semanas.
“Diferentemente de outros estados, onde a captação ocorre em hospitais e apenas 30% a 35% das córneas são aproveitadas, em Mato Grosso contamos com a colaboração da Politec, o que garante um aproveitamento muito superior”, destacou Roque. Além da DMML, o Serviço de Verificação de Óbito, administrado pela Secretaria Estadual de Saúde, também realiza captação de córneas.
O procedimento, vigente desde 2007, é regulamentado por meio de um termo de cooperação entre as Secretarias de Estado de Saúde e de Segurança Pública e o Banco de Olhos de Mato Grosso. As córneas transplantadas auxiliam no tratamento de doenças como ceratocone, degeneração corneana e ceratopatia bolhosa, devolvendo a visão a muitas pessoas.
A doação depende do consentimento da família do falecido, sendo necessário que um parente de primeiro grau autorize a captação. Para isso, uma psicóloga do Banco de Olhos realiza um acolhimento aos familiares no momento da liberação do corpo na DMML, explicando o impacto positivo da doação.
O Estado de Mato Grosso cobre todo o processo, desde a abordagem e retirada das córneas até o transplante e pós-operatório, garantindo que tudo ocorra gratuitamente pelo SUS. O coordenador do Banco de Olhos reforça a importância desse trabalho social, que transforma a dor da perda em esperança para muitas pessoas. “O IML possibilita que a doação de córneas traga alegria e gratidão tanto para os familiares dos doadores quanto para aqueles que recebem o transplante”, concluiu Roque.